Folha do Porto Edição de Julho de 2004
Em entrevista ao Folha do Porto, o advogado Flávio do Couto e Silva, presidente da Associação dos Bancos/RS, instituição que, recentemente, comemorou seus 40 anos, foi questionado sobre as causas de ser tão caro o dinheiro, tão altos os juros, no Brasil. Segundo ele, são três as origens do juro alto.
“Para controlar a inflação, contendo o consumo, o governo mantém muito elevado o custo de captação do dinheiro, a taxa Selic”, hoje em 16%. “Os bancos captam através de mecanismos próprios, como CDBs ou letras de câmbio. Com ba-se nesses valores arrecadados, emprestam. Com o pagamento de empréstimos, têm caixa para resgatar as letras de câmbio. Esse é o equilíbrio na balança de captação e empréstimo. Mas o governo eleva o custo de captação.”
A segunda causa, está na “elevadíssima carga tributária, a mais alta do mundo, para as operações de empréstimo e de captação. São quatro impostos, PIS, Cofins, IOF, CPMF” a onerar o valor do dinheiro. “Nenhum país do mundo onera tanto as operações financeiras.”
Já a terceira causa é a inadimplência, em parte causada pelo alto valor do dinheiro. “Com a retração econômica, muitos tomadores de empréstimos não pagam, levando os bancos a colocarem o risco da inadimplência no custo da operação”. Há também a inadimplência forçada por ações revisionais: o tomador tem condições de pagar, mas contesta, na Justiça, o valor.
Esses três fatores, então, centrados no governo, encarecem o preço final do dinheiro, os juros. Como conseqüência, “a economia pára, porque o governo arrecada de forma absurda, gerando uma recessão brutal.” E a recessão traz desemprego e atividade informal. Couto e Silva lembra que “os bancos não podem captar mais baixo do que o governo impõe, também não podem deixar de pagar IOF, CPMF, PIS, Cofins; os bancos não podem operar na informalidade, como outros setores”.
A 06/07 o presidente Lula fez um discurso contra os juros dos cartões de crédito. Sobre tal crítica de sua excelência, o presidente da Associação dos Bancos/RS lembrou, que este governo tem, como hábito, “desviar o foco das atenções”, fugindo de problemas reais, “como a carga fiscal elevada”.Couto e Silva ainda lembra que o lucro da estatal Petrobras, em 2003, foi a R$ 15 bilhões e que o lucro de todos os bancos no Brasil não alcançou os R$ 14 bilhões.
Os empregos do príncipe dos trabalhadores
Bela e ensolarada tarde de segunda-feira, 05/07, dois homens, jovens, em dois pontos diferentes do Menino Deus, encarnavam a promessa, do ex-candidato, hoje presidente, de criar dez milhões de empregos em quatro anos. O povo acolheu a tese e o elegeu.
Enquanto um jovem de cerca de 20 anos percorria a avenida Getúlio Vargas, com uma carga de cintos pendurados no ombro, oferecendo-os para algum passante, ou ônibus esperante, outro homem, perto dos 30 anos, estava sentado, na esquina de Praia de Belas com Ganzo, em diagonal ao centro de compras, vendendo cabides de madeira.
Viés governista - Naquele mesmo dia, os jornais diários estampavam que o presidente celebraria os 18 meses de governo. Convencido pelo fiel escudeiro, de moral abalada, aceitou celebrar dois milhões de desempregados; negando-os; recusando a miséria crescente nas ruas. Só ele não vê? Porque não quer, ou por estar longe da realidade? Ela, pequeno detalhe. E o torturador de nonagenários, agora na pasta do Trabalho, anunciou a 04/07, que “já foram criados 820 mil novos empregos formais em 2004”. Outra bravata? O IBGE contou 2 milhões de desempregados, em 2003, criação do príncipe dos trabalhadores.
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