terça-feira, dezembro 27, 2005

O embuste reiterado

Desde que assumiu o governo, o senhor Silva está em campanha para sua reeleição. Sucederam-se as frases de efeito, em discursos proferidos nos mais variados quadrantes do país, inaugurando obras, lançando pedras fundamentais, anunciando programas de esmolas para populações vitimadas pelos governos/máquinas estatais que o desastrado torneiro mecânico tanto admira. Mas, além dos discursos quase diários, das promessas vazias, como a de liberar a soja transgência plantada no RS, lá pelos idos de 2004 (a frase signo era "presidente é para decidir", disse ao governador Germano Rigotto; só faltou decidir), o eleito com 52 milhões de votos praticou, acima de tudo, o embuste, a pantomima, o diversionismo e, como não poderia deixar de ser, vindo de um iletrado que aproveitou as oportunidades da política, a inconseqüencia, a contradição, o paradoxo.

Em mais um caso estrondoso de sua figuração ilusionista, tolerada e aos quatro ventos divulgada pela imprensa diária (em cujas redações pululam simpatizantes seus), veio o senhor Silva a dizer, ontem (26/12),

"acho que o papel do presidente não é fazer com que a disputa política tome conta do dia-a-dia administrativo do país, tome conta do desenvolvimento do país".

Ora bolas e carambolas, como diria Roberto Campos, a frase é, na sua primeira parte, a negação do que Silva faz desde que assumiu o cargo máximo. Ele, o tempo todo, alimenta a disputa política, em especial com frases inverídicas, que sugerem que a história do Brasil começou com seu (des)governo, sinalizada na expressão "nunca antes na história do Brasil", preferida dele, proferida por ele, em tantas considerações sobre suas realizações, que não passam de imitação grosseira do governo que lhe antecedeu, o qual foi atingido por crises financeiras internacionais, o que Silva não enfrenta, pois colhe os louros de governar (governar?) em um momento ímpar da história econômica mundial.

Já quanto à segunda parte da frase citada, ele apenas confirma o que já se sabe de políticos da índole coletivista como a dele. Revela megalomania, ao supor que um homem pode tomar conta do desenvolvimento de um país. Ora, o melhor que pode fazer é não atrapalhar a vida das pessoas, o que, aliás, fez, ao elevar a carga tributária; ao perdoar dívidas de países, sem autorização, ferindo a probidade, gastando dinheiro que não é seu - para ficar em dois exemplos.

E o que dizem os jornalistas de ZH dos desatinos lógico-lingüísticos do presidente?

Silenciam, como silenciam os intelectuais que apoiaram o PT e, logo, o descalabro da maior corrupção da história deste país. A colunista de política de ZH nada disse sobre a debilidade lógica da fala presidencial. Centrou fogo em uma pesquisa sobre o desempenho do governador do RS.

Sic transit gloria mundis.