Mito Dirceu 2 - A volta
Ojornal diário Zero Hora, de Porto Alegre, voltou a publicar, na capa (edição de sexta-feira, 02/12), a suposta informação de que José Dirceu foi um guerrilheiro. Na chamada da manchete "Foi como se eu perdesse minha própria vida" (feita a partir da coletiva dada por Dirceu no dia seguinte ao de sua cassação), lê-se "Ex-guerrilheiro, forjado na luta contra a ditadura, Dirceu explicitou ...". O fato apresentado é falso. José Dirceu de Oliveira e Silva não foi guerrilheiro, muito menos lutou contra a ditadura. O mais perto que ele chegou de ser guerrilheiro foi o treinamento, que ele disse que recebeu, na ditadura cubana de Fidel Castro. Mas jamais pegou em armas no Brasil.
Dirceu foi preso em setembro de 1968, quando da realização do congresso da UNE em Ibiúna, interior de SP. Em outubro do ano seguinte, foi trocado pelo embaixador norte-americano Charles Elbrick, seqüestrado por militantes socialistas-comunistas. Retornou ao Brasil em 1975 e se estabeleceu em Cruzeiro do Oeste, interior do Paraná, casando-se com a dona de uma butique. Adotou falsa identidade. Quando veio a anistia, em 1979 (o fim do governo militar de 1964), assumiu sua verdadeira identidade e ingressou no PT, que auxiliou a fundar.
É interessante notar que, no interior do jornal Zero Hora, daquela edição de 02/12/2005, há uma biografia sucinta de Dirceu (como havia na do dia anterior, que noticiou a cassação de Dirceu - vide abaixo). A biografia publicada em página interna, a de número seis, nega o que o(a) editor(a) da capa escreveu.
Fica a pergunta. Por que o(a) capista de ZH insiste em mitificar a biografia de José Dirceu, apresentando-o com um fato que não ocorreu?
Quem com manchetes mitifica, com mitos mancheteará.
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