A estranha paz da banda irlandesa
O vocalista do U-2 se tornou, à medida em que sua conta bancária permitiu, um ativista político. Tanto que, no último título da banda (o CD How to dismantle an Atomic Bomb), matriz da atual turnê (tocaram no Morumbi, SP, nos dias 20 e 21 passados), lê-se, no livreto, ao final, os nomes da Anistia, na Irlanda e na Inglaterra, do Greenpeace, da libertação de Burma e contra a fome na África. Mas, se o U-2 é assim tão bonzinho, porque ele não doa parte do resultado financeiro de sua milionária turnê? Por que eles não cobram mais barato, deixando com as pessoas mais dinheiro, para que façam o bem aos semelhantes?
Ora, porque o U-2, ou, ao menos, o politiquista bom de voz, prefere dar presentes com o chapéu alheio, ato típico da classe político-burocrática estatal. Até aí, vai-se boa parte da visão equivocada da humanidade, de como se fazer justiça, através de medidas injustíssimas.
Chama a atenção, no último título de estúdio da banda, a quarta canção Love and peace or else, na qual o tema da paz, caro ao Voz, ele o explicita. Instrumentalmente falando, a canção é a mais interessante do CD. A letra, porém, trai uma visão parcial, pois pede-se paz a um lado somente de uma velha contenda (dos filhos de Sem e dos filhos de Cam, hodiernamente conhecidos como judeus e palestinos).
A canção pede paz no refrão Lay down your guns/All your daughters of Zion/All your Abraham sons (Baixem suas armas/Todas suas filhas do Sião/Todos seus filhos de Abraão). Por que Bono não pede paz aos filhos de Cam, somente aos de Sem? Por que ele silencia sobre o governo autoritário e terrorista da autoridade dos palestinos?
Oh, quão estranha é a paz U-2!
Na apresentação ao vivo, a canção serve ao manifesto político do grupo. Quem lá estava leu a letra? Entendeu-a? Conhece as palavras ou um pouco de história?
Significativa foi a vaia que Silva recebeu, quando o U-2 mostrou a imagem dele no telão da banda.
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