sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Disciplina e válvula de escape

Saiu o resultado do exame nacional de ensino médio. No RS, as duas escolas com melhores médias foram duas escolas militares. A federal Colégio Militar de Porto Alegre (administrado pelo Exército); e a estadual Colégio Tiradentes (administrado pela Brigada Militar). Ambas em 11° lugar em todo o Brasil. Não surpreende que duas escolas sob disciplina militar ostentem os melhores resultados de aprendizado - sem colocar em questão os critérios do exame.

A disciplina dificilmente não leva a bons resultados. A disciplina sob cuidados militares, ainda mais.

Claro que, sempre que se vive sob disciplina, necessita-se de válvula de escape. Vide como festejam aqueles de licença dela. Maior a disciplina, maior a válvula de escape necessária.

O resultado das escolas militares mostra o quanto a disciplina faz falta nas demais escolas. Não, não se trata de pregar disciplina à militar para escolas civis.

Mas, do jeito que está, hoje, as escolas estaduais ou municipais, as estatais, não só não têm disciplina, como se tornaram, cotidianamente, pura válvula de escape.

A falsa federação
A lei é federal, a polícia estadual.

Em vista do cruel assassinato do menino arrastado por bandidos ao longo de sete quilômetros, no Rio de Janeiro (ué, a polícia não viu?), o governador daquele estado pediu autonomia aos estados para redigir a lei penal, "como nos Estados Unidos", ele disse.

A sugestão do governador expõe a falência, falácia da "república federativa" no Brasil. Se a república é federativa, então os entes federados devem ter liberdade para legislar, afinal, eles têm a obrigação de sustentar polícia ostensiva e judiciária. Mas estão impedidos de legislar.

O código penal é nacional. O civil, também. Mas quem por ele zela é estadual. Existem os tribunais federais e estaduais, onerando o povo tributado.

O RS certamente teria a pena de morte, se houvesse liberdade legislativa.

Enquanto a federação só servir para a União sacar dos diligentes e transferir aos negligentes - necessários para auferir votos comprados com a fome do eleitor - não será União, mas, sim, discórdia federativa brasileira.

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