Lula aprova déficit, é para ele mesmo
Lula precisa que a previdência seja deficitária, pois, afinal, é uma dívida que ela tem para com ele, um pobre do país, cuja mãe "nasceu analfabeta", lembrou certa feita. Mas tem uma coisa da qual não falou.
"O número de segurados do INSS é de 19 milhões de beneficiários; em média, cada beneficiário recebe treze benefícios mensais de R$ 593. O número de beneficiários da previdência pública [servidores da União] é de 880 mil; em média, o valor de cada um dos seus treze benefícios é de R$ 3.660. Isso mesmo, leitor, o beneficiário da previdência pública percebe mais de seis vezes o valor do benefício do aposentado e pensionista do setor privado. Pior, os gastos com a previdência vêm crescendo continuamente como proporção do PIB. Eram de 8,8% em 1995, subiram para quase 10,5% em 2000 e chegaram a 11,6% em 2005. Entre 1995 e 2004, o déficit conjunto dos dois regimes previdenciários cresceu 89%", aponta o economista Roberto Fendt, do Instituto Liberal do Rio de Janeiro.
Falando sobre 2005, Fendt lembra que dos R$ 476 bilhões arrecadados pela União, o pagamento de benefícios previdenciários correspondeu a 40% (R$ 188 bilhões). O INSS teve um déficit de R$ 38 bilhões naquele ano. Arrecadou R$ 108,2 bilhões e pagou R$ 146,5 bilhões. Na previdência estatal, pagou R$ 41,9 bilhões e recolheu R$ 11,4 bilhões, R$ 30,5 bilhões a menos.
"Até quando?", pergunta.
A propósito, em 2006, a arrecadação da União foi de R$ 522,749 bilhões, somando Receita Federal e INSS, informou a Receita, um aumento de 10,3% sobre 2005.
Bertrand Kolesza é redator do mensário Folha do Porto, de Porto Alegre
bkolesza@terra.com.br
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