sábado, outubro 08, 2005

Presidente apóia o mensalão

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Tenha sido mesada para aprovar projetos de governo, comprando o apoio, tenha sido "contribuição" para pagar despesas de campanha, no criminoso caixa 2, não interessa. Importa reconhecer que aquilo que passou para a história como ‘mensalão’ também beneficiou deputados do Partido dos Trabalhadores. Aliás, reconhecer é supérfluo, pois os fatos dispensam argumentos. Eles, do PT, em tese, não precisavam receber nada para apóiar o governo. Mas, e se resistissem a trair bandeiras históricas do partido? - como no caso da reforma da Previdência - alguns milhares de reais não ajudariam? - especialmente ao pagar dívidas de campanha.

A prova de que a compra de parlamentares está diretamente relacionada ao gabinete do presidente da República foi oferecida, na sexta-feira, 07/10, pelo próprio Inácio, ao se reunir com sua bancada federal. Suas palavras soam como uma confissão.

Ele não poderia ser mais claro e confesso. Faltou apenas a imprensa, pró PT até quando o acusa, ligar uma coisa à outra. O presidente disse, com todas as letras, aos deputados petistas na linha de cassação, que receberam dinheiro criminoso, que "Vocês não são corruptos; cometeram erros, mas não de corrupção." Seria de rir, se não fosse de chorar, ver que um presidente de uma República, como a do Brasil, não sabe o significado das palavras. Ou, sabe, mas ainda tenta iludir.

Pegos com a mão no dinheiro sujo, os petistas ainda tentam convencer os seus eleitores, que não são corruptos. Previsível, afinal, "corrupto" é a pecha com que combateram seus opositores na arena política, desde que surgiram (para falar só desse momento em diante). Assim sendo, eles não podem ser corruptos. Podem cometer erros, mas corruptos, não, isso eles não são.

Acontece que o ato corrupto outra coisa não é do que simplesmente a degradação, a deterioração, a deformação da conduta ilibada, proba, reta, sadia, íntegra, certa, não errada. Receber dinheiro não honrado pelo trabalho, de maneira indevida, confessadamente de caixa dois - que é crime - é ato corrupto. Mas, não, os petistas não podem um tal ato cometer. Afinal, eles são a antítese da corrupção, não são eles?

Não! Eles se provaram como a própria concretização do que o termo define.

Na pesquisa a um dicionário antigo, o "Diccionario Contemporaneo", edição póstuma, de F. J. Caldas Aulete, Lisboa, 1881, encontramos, para o termo ‘corrupção’, originado do latim ‘corruptio’, os sinônimos "depravação; perversão; desmoralização: A corrupção dos costumes. Suborno: empregou a corrupção para ser eleito deputado."

Em vista de a tentativa esdrúxula de o senhor presidente da República, de defender os seus companheiros, corrompendo o idioma, não resta outra conclusão: Quem defende o corrupto está do seu lado e obrou com ele.

A tentativa de Inácio, de inocentar moralmente seus aliados e correligionários, exigiu contorcionismo verbal, no melhor estilo da depravação da linguagem, como apresentando por George Orwell, ao conceber, na ficção, a novilíngua (os coletivistas, para chegar e permanecer no poder, fazem-no por meio da mentira e da desfaçatez, que exige a destruição da linguagem, para dominar a mente das pessoas). Ficção, é??

Todo ato criminoso é, antes, um ato de degradação dos costumes, de adulteração, de desvio da probidade e da decência. Nem todo ato corrupto é crime, porém. Se assim fosse, os deputados petistas, para falar só deles, já estavam na cadeia, pois a prova dos saques caixa dois já existe. Pior. O próprio Inácio confessou, em rede nacional de televisão, que o partido dele usa do expediente criminoso do caixa dois. Mas, para ele, isso é somente um erro, não é corrupção.

Afinal, o presidente fala como um imbecil, para chegar ao e permanecer no poder, por que ele pensa que os ouvintes são ainda mais burros do que ele; ou, não, trata-se de algo mais perverso, de imbecilizar a audiência, para tê-la nas mãos - que digitam números nas urnas?

P.S.: Para a noção de imbecilizar uma nação, vide a obra "O imbecil coletivo" de Olavo de Carvalho.