Mitos preciosos de FHC
Não há dúvida que é. Nunca houve. A entrevista comprova-o mais uma vez.
O príncipe dos sociólogos, em seus oito anos de governo, para não falar de seus anos de senador, aplicou típicas medidas socialistas. Flertou com um disfarce de capitalismo, ao privatizar algumas estatais. Fê-lo porque precisava de dinheiro, não porque estava de acordo com suas convicções políticas. E ele o confessa ao dizer que é socialista, mas não é "anacrônico". Isto é, aceita o mercado, mas quer o Estado tomando a propriedade. Tanto que aumentou em 50% a carga tributária.
O que chama a atenção de um defensor do capitalismo, como o redator deste blog, está em duas frases da entrevista.
"Como o mercado não é um ente racional, perfeito, o Estado, dependendo de como ele seja organizado, pode introduzir um ingrediente adicional de correção da desigualdade. É nesse sentido que, no meu livro, reajo contra o capitalismo. Porque não acredito que o mercado, por si só seja a consubstanciação da racionalidade." (página101)
Os defensores do mercado nunca disseram que ele é perfeito. Este adjetivo é tradicionalmente aposto ao substantivo ‘mercado’, por homens de esquerda como o ex-presidente, para, depois, fazer a crítica, típica, que tanto gostam de fazer do capitalismo, que eles aceitam, porque não sabem como produzir, somente como tomar, através dos impostos.
Os defensores do mercado afirmam que ele é o meio mais justo de os homens cooperarem, agirem, socialmente, para a realização de seus fins pessoais, sendo, o primeiro e maior deles, a sobrevivência, pois o homem nasce pobre e a pobreza é o seu destino, se ele abandonar o trabalho. Se ele é pobre trabalhando, ao abandonar o trabalho tornar-se-á um miserável.
É o mercado o meio mais justo porque, nele, ninguém é obrigado a comprar o que não precisa, muito menos a vender o que não quer. Porque, nele, está sempre aberto o espaço para novos atores, em especial com novas tecnologias, que barateiam os custos e melhoram a vida de todos. A história da revolução industrial, mesmo com os capitalistas sempre achacados pelos muitos estados/governos, é a prova disso.
Qual o ingrediente adicional que FHC quer introduzir no mercado para corrigir a desigualdade?
Bem, se formos considerar o que ele fez como presidente da República, manteve uma coisa chamada BNDES, um banco cujos ativos são formados por dinheiro tomado do trabalhador, via FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador - uma criação de seu governo, se não há engano aqui; se o há, uma manutenção de seu governo, de qualquer modo - o nome é de um sarcasmo sádico).
Ou seja, para corrigir as desigualdades do mercado, que não é perfeito, FHC e os de sua estirpe ideológica (socialistas, sociais-democratas, "esquerda") propõem empobrecer o trabalhador, tomando seus proventos na forma de tributos para, ato contínuo, oferecer este dinheiro aos grandes empreendedores (mesmo que fosse aos pequenos, a injustiça permaneceria), a juros baixos, abaixo daqueles que o governo oferece, para financiar seu déficit crônico, que FHC nada fez para sanear.
Assim, o trabalhador que vai comprar um televisor na maior rede de varejo do Brasil, paga duas vezes e meia pelo bem, no caro crédito, produto que é do governo federal endividado. O mesmo trabalhador que financia juros de 8% ao ano para os grandes empreendedores, paga 150% em dois anos. Aliás, 8% é a taxa mensal do crédito pessoal nos bancos. Ao mês.
É este tipo de desigualdade atroz e escravizante que FHC produz, ou mantém, ao crer na intervenção do Estado, como ao manter um banco de investimentos, a cujas módicas taxas de juros o trabalhador, que financia o banco, não tem acesso. E, depois, ele vem acusar o mercado de ser irracional e imperfeito. Haja paciência.
Antes da afirmação acima citada, FHC disse que "eu reajo contra o capitalismo. Porque o capitalismo tem um problema que me irrita: a desigualdade. É da sua essência. No Brasil, vive-se pedindo um rápido crescimento econômico acompanhado de maior igualdade. Ora, quando um país cresce depressa, aumenta a desigualdade, não a igualdade. O país tem que acumular riqueza primeiro. Isso é da natureza do capitalismo."
OHH, puxa vida, ele descobriu a roda. É óbvio que no capitalismo as pessoas obtêm resultados desiguais. Elas são desiguais. Elas, mesmo tendo os mesmos talentos, no mesmo grau, ainda assim não estarão atuando estritamente nas mesmas relações com outros agentes do mercado. Logo, a desigualdade é primeira, essencial e inevitável. As pessoas têm ambições diferentes, diligências diferentes, competências diferentes, sagacidades diferentes. A igualdade deveria ser a do igual tratamento perante a lei. Mas nem isso há no Brasil, pois o setor público é melhor tratado do que a sociedade civil, que o sustenta, como no caso de suas deficitárias e sugadoras aposentadorias.
O que o governo deveria fazer, seria zelar pela manutenção dos contratos e não pela realização da igualdade. Até porque, FHC, ao não liquidar de vez um BNDES obrou para o aumento da desigualdade, tirando dinheiro do pobre e vendendo-o a preço mais barato para o rico, enquanto do pobre cobrava o juro alto que ele criou, por não enxugar o Estado.
Assim, quando o governo age para diminuir a suposta irracionalidade do mercado, obtém ainda maior irracionalidade e, o que é pior, à força, via impostos e ao monopólio daquela, ostentado pelo Estado.
Ao assumir em 2003, Palocci reclamou que FHC dobrara o custo da folha de pessoal do governo federal. Isso sim é ser um homem de esquerda. Aumentar a escravidão do trabalhador ao deus-estado, que ele tanto ama e que só faz intensificar a irracionalidade.
FHC poderia ter usado o dinheiro da telefonia privatizada - em parte com o dinheiro do BNDES, aliás - para reduzir o estoque da dívida. Preferiu queimá-lo.
Ele também poderia ter mandado o MST às favas. Mas, em vez de isso, entregou duas dezenas de bilhões de reais para assentamentos que não produzem. Dinheiro do qual os facínoras cobram pedágio, aos assentados, para sustentar invasões. FHC criou uma CPMF para custear a saúde, qúe já deveria ser custeada pelos tributos antes existentes. A CPMF não foi para a saúde, bem como a CIDE (Contribuição sobre a Intervenção do Direito Econômico - o nome é elucidativo, não?) não foi para as estradas. É isso o que ele chama de corrigir as imperfeições do mercado? É. Mas seria tão bom se nada disso tivesse feito. O mercado seria ainda menos imperfeito e a insuportável, para FHC, desigualdade, muito, mas muito menor.
FHC queria corrigir as imperfeições do mercado, mas não extinguiu o Incra, órgão violador da propriedade, que exige índice de produtividade no campo, mas não no exige dos assentados cuja lista o MST comanda.
FHC financiou o invasionismo. Inchou a máquina pública, tirou dinheiro do trabalhador para vender barato a ricos.
Sim, sem dúvida ele é de esquerda.
Só esqueceu de dizer na entrevista, se bem lida pelo signatário, que o Brasil não é capitalista.
Ele segue a sanha dos esquerdistas. Esperar que alguém produza, para, depois, tomar o que é desta pessoa e entregar a outrem. Seja do trabalhador para o empresário. Seja do empresário para o trabalhador.
Sim, sem dúvida, ele é de esquerda. Pior, o seu partido quer voltar ao poder. Ruim com o PSDB, pior com o antagonista.
Haja gente para trabalhar e sustentar isso. Haja.
Boa semana a todos.
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