segunda-feira, março 27, 2006

Palocci, para quê?

Meses atrás aqui se escreveu, questionando, "Palocci, para quê?". A pergunta vale para qualquer ocupante do cargo de ministro da Fazenda, desde que ele conduza com regras estáveis a tal de economia (no Brasil, o juro alto, para sustentar o déficit da União; e o superávit primário, para bancar o pagamento dos juros - ou uma parte deles). Meses atrás aqui se escreveu que qualquer um poderia ocupar a cadeira da Fazenda, até mesmo a mulher do cafezinho (com todo o respeito a ela), pois bastariam as regras da estabilidade heterodoxa (tudo pelo Estado deficitário) serem mantidas.

Quem estuda no curso de Economia, Contábeis ou Administração aprende, na primeira semana, que "ninguém é insubstituível". Esta regra, que vale, primordialmente, para a iniciativa privada, estranhamente não vale para cargos políticos. Por que será? Por que até mesmo a oposição assinava sob o nome de Palocci, mesmo que muitas fossem as suspeitas sobre o dinheiro de contratos públicos à época dele na prefeitura? As suspeitas, já muito divulgadas na imprensa diária e semanal, dão conta de dinheiro PF para a campanha presidencial.

Rolo do grosso. Coisa feia. A se comprovar ....

Mas por que a oposição também endossava Palocci, ao contrário do que diz a regra maior da administração?

Ora, simples de responder. Por que políticos são movidos por vaidade, personalismo excessivo, doentio e descontrolado. Eles fazem de conta que eles são importantes. Aí, parece que é importante o nome deste ou de aquele ministro, quando, o que importa, é a regra que a tal de administração pública (púbica, pelo que se vê, pois obcena) segue.

Enfim, depois do vareio de Veja, que chegou às bancas no sábado, em especial, o artigo de Diogo Mainardi, denunciando o assessor de imprensa de Palocci, pela devassa no sigilo do caseiro corajoso (óia o nordestino, um forte, aí, gente). Mainardi também acusou os jornalistas de não denunciarem o assessor de Palocci, embora todos soubessem que ele foi quem passou a informação para a imprensa. Tem razão Mainardi, quando diz que os jornalistas são corporativistas. Como todas as profissões no país fascista abençoado por Deus.

Enfim, depois de o governo atirar no próprio pé, a partir do ministério do 'homem para quê, mesmo héin?', ao quebrar o sigilo do caseiro. Enfim, depois de dez dias de presença revelada na casa de negociatas e orgias; enfim, depois de enlamear o banco do povo, destruindo 150 anos quase de história; enfim, depois de sustentar-se no insustentável; enfim, depois de se esconder do povo e da mídia; enfim, depois de se tornar inútil, pela tentativa torpe de massacrar um humilde; enfim, depois de mostrar como o trotskismo faz, quando no poder, para lidar com adversários na democracia, enfim, enfim, enfim,...

Palocci apresentou sua demissão.
Tarda, mas não falha.
Ele é substituível.

Foi confirmado Guido Mantega. Ele já disse que vai manter as diretrizes.

Viu só.

Ufa.

P.S.: No Jornal Nacional, há poucos instantes, apareceu o Mantega dizendo que nada vai mudar, que a política econômica não é deste ou daquele ministro, mas, sim, do presidente Lula, deste governo, a política econômica mais exitosa dos últimos dez ou quinze anos.


qua qua qua

Temos de rir, para não chorar. É muita cara de pau. A política econômica não é deste governo, nem de Lula, nem dos ministros, é do comitê do Banco Central, que mantém o juro alto, para financiar o déficit público, que políticos estatistas, como Sarney, FHC, Lula praticaram e praticam.

Até as pedras da rua da Praia em Porto Alegre sabem que a política econômica NÃO é do presidente Lula. A política econômica deste é a pensão vitalícia por ficar 30 dias presos, após uma greve ilegal, em 1979.

Haja paciência.

Boa semana a todos.


Segue abaixo a nota distribuída pelo Terra, cerca de 1745min. A primeira nota era mais lacônica e trazia apenas a frase entre aspas do texto abaixo, copiado e colado.

Palocci pede afastamento do Ministério da Fazenda
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, divulgou na tarde de hoje uma nota oficial pedindo afastamento do cargo. "O ministro Antonio Palocci decidiu solicitar ao presidente da República o seu afastamento do cargo", diz o comunicado.

A nota diz ainda que Palocci está encaminhando ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma carta explicando suas razões. A carta, segundo a asessoria, será divulgada depois de entregue ao presidente. O ministério ainda não esclareceu se o pedido de afastamento é definitivo.
O afastamento de Palocci é conseqüência do envolvimento do nome do ministro no mais recente escândalo do governo Lula. Ele foi desmentido pelo caseiro Francenildo dos Santos Costa, que afirmou que Palocci freqüentava uma mansão de luxo em Brasília onde seria distribuída propina arrecadada em Ribeirão Preto, cidade onde ele foi prefeito.
Francenildo teve o seu sigilo bancário violado pouco depois de dar estas informações à CPI dos Bingos. A investigação da Polícia Federal mostra que as ordens para a violação dos dados do caseiro partiram da gerência da instituição.