sexta-feira, outubro 29, 2004

Eleições - Primeiro Turno - Porto Alegre

Democracia, a farra do delito
Todas as vezes, nas quais se ferem as eleições, os comentaristas da imprensa diária enchem a boca para dizer que, mais uma vez, testemunha-se a “festa da democracia”. Ou que, apesar de seus defeitos, ainda é “o melhor sistema”. Mas o que se viu, no 03/10, nas ruas do Menino Deus, uma amostra de Porto Alegre, foi outra coisa.
A festa da democracia foi a farra da delinqüência. Não foram poucos os cabos eleitorais remunerados, pagos a R$ 15,00 ao dia, que estavam fazendo boca de urna, o que é absolutamente proibido, é crime, dá detenção e multa (de R$ 5.320,00 a R$ 15.961,50). Não faltaram idem os que cometeram o crime de graça, escravos, ou CCs de seus ídolos coletivistas.
Locais - Nas proximidades dos locais de votação, como as escolas Presidente Roosevelt e Infante Dom Henrique ou a Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos (FDRH), abundavam os cabos eleitorais “boqueando”. Os dois candidatos com maiores intenções de votos nas pesquisas, Pont (42,1%) e Fogaça (25%), tinham o maior número de delitos em curso, naquele belo, ensolarado, ameno, no sol cálido, na sombra fresco do-mingo, tipicamente primaveril, de eleições. Seguidos pelo PDT, que também botou o bloco do delito na rua a fazer boca de urna.
Abordagem - O redator desta folha, circulando próximo àquelas seções eleitorais, foi abordado várias vezes, por militantes dos dois partidos comunistas disfarçados, PPS e PT. Mas, também, por militantes de outro idem, o PDT. Não chamou a polícia, dever de cidadão (ou vota ou é punido pelo Estado), porque tinha mais o que fazer.
Assim, a festa da democracia foi a farra da delinqüência, do crime. E, também, a da imundícia, com milhares, milhão, quiçá, de panfletos sujando as ruas. Segundo estimativas do DMLU, 28 toneladas de lixo foram atiradas às ruas da cidade.
O ministro chefe do TSE afirmou que a notícia das eleições era a de que não havia notícia, ou seja, predominou a normalidade. Não viu o delito, porque não quis. Ou ele, o delito, é a tal de normalidade.

O desprezo pelo voto
Em Porto Alegre, de um milhão, cinco mil e 998 eleitores, para 2.311 urnas ou seções eleitorais, compareceram, a votar, no belo domingo primaveril de três de outubro, 868 mil e 835 almas, ou 86,37% do total de eleitores habilitados. Desses, foram válidos 808 mil e 422 votos, ou 93,05%. Brancos e nulos somaram 6,96% ou 60 mil e 413 votos. As abstenções atingiram 137 mil e 163 almas, ou 13,63% do total.
Assim, em Porto Alegre, somando-se os que não foram votar com os que votaram branco ou nulo, chega-se ao impressionante número de 197 mil e 576 pessoas insatisfeitas com o processo político da democracia brasileira, uma espécie de ditadura civil da classe política, sobre o povo que a sustenta.
O número de pessoas que se absteve ou rejeitou (brancos e nulos) as candidaturas propostas, representou 20,59%, um quinto, das pessoas, habilitadas a votar na leal e valorosa Porto Alegre. O número é muito, por demais, significativo.
Já Roberto Busato, presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, entidade criada em 1932, sob o fascismo da Era Vargas, afirmou que o povo não está totalmente preparado, para a dispensa do voto obrigatório. A teoria dele deve ser uma variação da Lei Eleitoral Pelé (“o povo não sabe votar”) - alguém se lembra?
Busato disse que “a obrigatoriedade ainda é saudável. Aos poucos, eleição após eleição, vemos que a conscientização da população brasileira vai ficando mais adequada para se chegar à extinção dessa obrigatoriedade”, propôs ele, no melhor estilo da questionável democracia à brasileira.Ao dizer que o povo deve ser obrigado a votar, afirmou que ele não sabe ser livre. Mas o homem não falou de si, e sim “da população”. Ou seja, ele não faz parte da conta. Ou projetou a si mesmo, na matemática do despreparo