A mudança de 'liberal'
O termo ‘liberal’, cujo significado é "liberal" (são as noções lógicas de menção, para o entre-aspas simples; e de significado/sentido para os entre-aspas duplas; quando não se trata de texto-citação iniciado com aspas duplas, aí, adotando-se as simples) foi totalmente depravado lá pelos anos de 1920 nos EUA, numa típica torsão semântica própria a intelectuais, jornalistas e políticos coletivistas; um movimento de câmbio de sentido que traduz, no mínimo, uma canalhice, pois estupra teoreticamente um patrimônio intelectual "da humanidade" como gostam de dizer os coletivistas.
Não se trata, de forma alguma de canalhice, mas é, sem dúvida, um tijolo, na parede da deterioração semântica, o tratamento dado pelo diário de luxo de Porto Alegre, que noticiou a morte de um dos mais renomados coletivistas do século XX, o economista canadense John Kenneth Gailbraith, que fez carreira e fama nos EUA, cujo sociedade livre e próspera ele desdenhou e acusou - e, por isso, fez sucesso; muitas vezes, até mesmo entre conservadores (que tanto se unem aos coletivistas, contra o capitalista, que eles também temem).
Zero Hora noticiou a morte dele como sendo a de um "liberal". No corpo do texto, lê-se no que consiste o credo liberal nos EUA, ou seja, "defesa da intervenção do Estado, para resolver problemas sociais".
Zero Hora é um jornal de luxo, porque está sempre atualizado na tecnologia e na estética de seu produto. Por que, então, seu editor daquela página não publicou um daqueles seus caros "quadrinhos" explicativos? - a quatro cores poderia, dada a página em que consta a matéria (fac simile aqui).
Em tal quadro, explicaria que o termo ‘liberal’ nos EUA significa o oposto do que no Brasil, na Inglaterra, na França, na Alemanha. Poderia, inclusive, lembrar, quando se deu a depravação semântica, caso claro de tomada indevida de idéias e termos.
"Antes de mais nada, a palavra ‘liberal’ possui raízes claras e pertinentes, cravadas no ideal de liberdade individual.", escreveu Louis Spadaro, no prefácio de "Liberalismo" de Ludwig Von Mises, edição dos anos de 1970. Mas "o termo ‘liberalismo’ provou ser incapaz de ir além do século XIX, ou do Atlântico, sem mudar seu significado - e não de um modo suave, mas praticamente assumindo acepção contrária!", segue Spadaro, da Fordham University à época (1977).
Já o próprio Von Mises, no prefácio à edição inglesa, em abril de 1962, aponta que "O liberal de tipo americano busca a onipotência do governo e é um inimigo resoluto da livre-empresa, defendendo o planejamento em todos os níveis pelas autoridades públicas, isto é, o socialismo".
Ou seja, a esquerda norte-americana, o Partido Democrata (de John Kennedy, Bill Clinton, Franklin Roosevelt, inter alia), do qual Gailbraith fazia parte, adotou o termo ‘liberal’, tomando-o, depravando-o, corrompendo-o.
O editor de economia de Zero Hora poderia ter feito este esclarecimento ao seu digníssimo leitor e respeitável público.
A questão é, se há alguém em Zero Hora - na redação - que saiba disso, que tenha lido ao menos um livro de Von Mises. Isso, talvez, seria exigir demais não?
Ou fica a inépcia do jornalista, ou sua má fé, infelizmente, como hipóteses. Nenhuma delas aceitável, tolerável, admissível.
A notícia foi publicada, muito a propósito, na editoria de Economia. Ora, qualquer editor de economia, de jornal diário, tem a obrigação de saber o significado do termo ‘liberal’ nos EUA, posto ser o oposto do que significa no resto do mundo.
Claro está, isso não é ensinado nos fraquíssimos cursos de Jornalismo brasileiros, onde impera a visão coletivista e a literatura socialista, mais ou menos explícita.
Fica para outra, então. Será que o dono está lendo o seu jornal??
[Este texto foi corrigido hoje, 05052006, depois da data original de sua publicação.]
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