sexta-feira, novembro 04, 2005

Aulas de éPTica?

Como não tenho recordação de o assunto ser comentado nas listas de discussão na web, das quais participo, nas quais há muitos integrantes de Porto Alegre ou do RS, retorno a uma entrevista publicada no Zero Hora de sábado, 29/10 último. Nela, o ex-presidente regional do PT, David Stival, que recém passou o cargo para Olívio Dutra, eleito em setembro, afirma, sobre o recebimento de dinheiro Valério-Delúbio pelo PT/RS, a seguinte pérola:

"Pedimos auxílio à direção nacional para honrar nossos compromissos [dívidas do partido]. Fomos induzidos a pegar dinheiro [na agência de publicidade de Marcos Valério, em Belo Horizonte] e não pensamos que havia algo errado. Foi um erro, embora Marcelino Pies [ex-tesoureiro estadual] e eu tenhamos cobrado a direção nacional sobre o fato de não poder registrar [o dinheiro]. Delúbio Soares disse que os recursos eram de um empréstimo que seria resolvido pelo comando nacional. Só fomos saber da dimensão dos problemas quando o deputado Roberto Jefferson denunciou. Até que apareceu a gente na lista".

Como diriam os insuportáveis funkeiros: "ói nóis na fita, mano"!

Não precisa, pois salta aos olhos, mas vou insistir.

- Ele não achou estranho pegar dinheiro em uma agência de publicidade, após pedir ao diretório nacional.
- Ele disse que foi "induzido" - como assim? Poderosos ímãs o levaram até lá??
- Ele admite que fez algo errado, pois não poderia registrar o dinheiro. Não tem direito a não saber, era presidente de uma sigla, não se pode afirmar desconhecer a lei, embora leis sejam feitas sem o conhecimento da sociedade.
- Depois de "não contabilizado", "não registrar" é o novo eufemismo para crime de sonegação fiscal (caixa 2)

Mas o melhor vem agora. ZH informar que o senhor Stival é professor de filosofia, de ética. Deu em ZH:

Ao se despedir de um "período sem grandes alegrias e poucas vitórias", o filósofo de 49 anos voltará a se concentrar nas aulas de sociologia, ética e antropologia na Unilasalle de Canoas [grande Porto Alegre, cidade limítrofe a esta, separadas pelo rio Gravataí]. (...) Sua contribuição será entre os militantes da Via Campesina.

UAU!!!

O professor de ética aceita dinheiro "não contabilizado", crime de sonegação, para pagar despesas e vai ... dar aulas de filosofia, de ética. Senhores pais e alunos, não estudem naquela faculdade (por sinal, católica - alô, alô, católicos, a bola está com vocês, explicar essa). E vai atuar junto à Via Campesina, notórios criminosos (invadem propriedades, vandalizam-nas, cometem cárcere privado, etc).

O Ministério Público Estadual/RS abriu inquérito para ouvir, do senhor Stival, como foi esta história. A Polícia Federal também. No que vai dar, não sei.

Mas, o pior, foi nenhum colunista de ZH ter questionado as afirmações e a futura atividade do "professor de ética". E tem petista que diz, que não compra Zero Hora (ainda se vê alguns adesivos em carros o afirmando). Deve ler o exemplar que pega com o vizinho.

Some-se a isso a informação, de ontem, nos noticiários de hoje, que Valério recebeu dinheiro do Banco do Brasil, depositou em banco, pegou empréstimo, para fingir que assim era e passou a Delúbio, tesoureiro, à época, do PT que o repassou a, entre outros, o professor de ética.

O tempora, o mores.