Sob a ditadura do verde
Raízes de flamboyant ameaçam propriedade privada, mas corte
é proibido pela burocracia
O muro de uma residência, na rua Barbedo, 404, bairro de classe-média Menino Deus, em Porto Alegre, está muito inclinado. Ele está sendo derrubado pelas raízes de um flamboyant, plantado no pátio da casa vizinha. A dona da casa e seu vizinho, o dono do flamboyant querem cortar a árvore, mesmo que faça boa sombra, pois traz, também, malefícios. O dono da árvore registrou protocolo pelo 156 da prefeitura. Técnicos da Smam foram ao local e constataram a existência da árvore e que ela "possivelmente" está abalando o muro. Mas nada autorizaram, nem poda nem corte. "É revoltante", define a dona do muro. "Quando este muro cair sobre o meu jardim, a prefeitura vai pagar?", questiona ela. Ainda no relato dos técnicos, do "Atendimento ao Cidadão", consta que "A intervenção, mediante a retirada das raízes certamente determinará desestabilidade do vegetal". Dane-se a propriedade do "cidadão".Que viva o vegetal!
O triste episódio de conviver com a depredação de seu patrimônio, ensina algo mais aos dois vizinhos. Ao homem que plantou a árvore, décadas atrás, que ela, pasmem, não lhe pertence. Na nacional-socialista Porto Alegre, o que é de alguém está condicionado ao aval do burocrata estatal, que, arrogante, decide sobre a vida alheia. E não paga por isso. Ao contrário, recebe gordo salário, para o fazer.
"Teria de proibir de plantar uma árvore dessas e não de cortar", diz o "dono" do flamboyant que não imaginou o dano de hoje. Uma vez ele podou a árvore, cujos galhos batiam nos fios de luz e foi advertido. "É revoltante", repete a dona do muro. Pelo telefone lhe disseram que observasse se o muro está cedendo. "Mas ele já cedeu", aponta, indignada e coberta de razão. É a ditadura do verde em plena ação
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