segunda-feira, agosto 21, 2006

Gás? Geisel estava certo

[Para os artigos do mensário Folha do Porto, ver o blog http://folhadoporto.blogspot.com]

No final dos anos de 1960, quando era presidente da Petrobras, o general Ernesto Geisel, que viria depois a ser presidente da República (1974-1978) ouviu a sugestão de se trazer gás da Bolívia. Ao que o general, sempre direto nas respostas, retorquiu "e se os índios resolverem fechar a válvula eu faço o quê? mando o Exército para abrir" [citado de memória].

Pois muito bem, o general estava certo.

A principal notícia de hoje é a do seqüestro da válvula do gás, em uma cidade boliviana, de uma firma que tem a Petrobras como sócia. O gás vem para o Brasil. Os índios querem nove milhões de dólares para não fechar o gás. Chantagem pura e simples. Os nove milhões fazem parte de um acordo com os índios. Serão investidos na terra deles, onde passa o gasoduto, ao longo de 20 anos. Mas os índios, no melhor estilo do eleito por eles, não pensam em obedecer ao acordado.
Tem nisso o dedo de Hugo Chavez, se não fisicamente, doutrinariamente.

Pobre América do Sul. Será sempre ...

Segue notícia do site Terra, de hoje

Segunda, 21 de agosto de 2006, 11h47 Atualizada às 11h53
Índios querem US$ 9 milhões para gás brasileiro não ser cortado

O governo boliviano deve realizar nesta segunda-feira uma reunião com os índio guaranis que ocupam a Estação Operacional de Parapetí, da empresa Transierra, que tem participação da Petrobras.
Segundo o site do jornal boliviano El Deber, a reunião deve ocorrer às 14h (de Brasília) entre o ministro do Desenvolvimento Rural, Hugo Salvatierra, representantes das secretarias de Meio Ambiente e Recursos Naturais e diretores da Transierra com as lideranças dos guaranis.
A Assembléia do Povo Guarani (APG) reivindica administrar de forma direta os recursos que a Transierra se comprometeu a entregar aos índios. Segundo o site do jornal El Deber, o valor a ser liberado chega a US$ 9 milhões.
A Transierra rebateu dizendo que entre julho de 2006 e junto deste ano a empresa repassou cerca de US$ 256 mil para a execução de obras. A empresa afirmou também que convênio firmado com as comunidades indígenas estabelece que os recursos têm prazo de 20 anos para serem entregues.
Os indígenas ergueram acampamento na estação e controlam a válvula de passagem do gasoduto para o Brasil.
Redação Terra