Onde a imprensa é livre e todo homem capaz de ler, tudo está a salvo.
Thomas Jefferson, um dos redatores da Constituição dos EUA, seu presidente (1801-09)
A tabela do imposto de renda de pessoa física (pessoa natural, no direito, conceito embasado filosoficamente), está 46,8% defasada. Ante reclamações que deveria ser atualizada, um estatocrata, de o distrito federal, saiu-se com algo como "as pessoas são egoístas". Sim, senhor, elas são egoístas. Elas devem ser.
A tese surpreende? Não deveria. Mas, afinal, o que é ser egoísta?
Para uma tradição religiosa, ser egoísta é pensar somente em si, em detrimento, em sacrifício, em destruição de outrem. Esta concepção está tão inculcada na, digamos, metafísica popular dos costumes, que é difícil a ela se opor sem dificuldade. Mas, ao contrário, vivemos no egoísmo do coletivismo, do Estado apropriador, expropriador.
Mas, ao fim e ao cabo, "at the end of the day" (ao fim do dia), como gostam de dizer os ingleses, ser egoísta é, sem mais nem menos, simplesmente, um sujeito defender aquilo que é seu. É um sujeito defender que o que ele produziu, gerou, resultou, como o fruto de seu trabalho, pertence-lhe. Deve ele ser sacrificado em nome de outrem, pelo Estado/governo?
Se um sujeito trabalha e produz riqueza, ela lhe pertence. E, sim, é egoísmo, ele defender o que é seu, no caso, a correção da tabela do imposto de renda, cuja defasagem faz com que cada vez mais dinheiro, em especial da classe média, seja transferido ao governo. Classe média que o mesmo governo sistematicamente e progressivamente expulsa da rede de serviços estatais de educação, saúde e segurança - para falar só delas.
Tal transferência de riqueza ao Estado, seja da burguesia, lá no século XIX, seja da classe média, nos séculos XX e XXI, constitui uma das principais diretrizes de um governo de trabalhadores em democracias liberais, como muito bem postularam Marx e Engels no "Manifesto do Partido Comunista" - obra de 1848, cuja leitura auxilia muito a compreender o que acontece no "bananão" de hoje.
A defasagem da tabela do IRPF faz com que cada vez mais pessoas contribuam e, pior, com mais e mais. Sem nada lhes ser restituído em serviços, finalidade dos tributos.
É o projeto comunista em pleno curso. E ainda acusam quem defenda o que é seu de egoísta.
Sim, sou egoísta, se o estatólatra estatocrata assim a mim se dirigir. Pois, afinal, o que é fruto de meu trabalho é meu, ora, bolas, e carambolas. E eu o dispenso como eu quiser e não como um burocrata decidir, após dele se apropriar. Se me o tomam, não vivo em uma república, mas em uma ditadura trabalhista.
Com a não correção da tabela do IR, ao passo que os salários são corrigidos pela inflação, o governo nacional-socialista (ante-sala do comunistmo), o governo de trabalhadores, apropria-se, cada vez mais, do trabalho de outrem, à força, nos tributos.
O nome disso é roubo, crime, mas, como muito bem disse um filósofo liberal, Max Stirner, contemporâneo de, que debatia com, Marx e Engels, aquilo que, para o cidadão é crime (como a sonegação ou a negação de renda, acrescente-se), para o governo é, apenas, a lei. ("O Estado denomina sua própria violência lei, mas àquela do indivíduo, crime", é a frase, inclusa em "O ego e o que lhe pertence"/"The ego and his own" - lá de meados do século XIX.)
O burocrata acusa quem defende sua propriedade, fruto de seu trabalho, de egoísta. Sim, somos.
E ele, afinal, o que é??
1 Comments:
Excelente seu artigo. É pena que a imprensa nacional, em geral, ou está cega (desabilitada para racionar)para o que se passa no país ou está comprometida com a ditadura.
Parabéns!
Paulo Barreto
Postar um comentário
<< Home