segunda-feira, janeiro 29, 2007

O contraditório Delfim Netto

No que pensa o Delfim?

A entrevista das páginas amarelas da revista Veja desta semana (31/01/2007) ouve o ex-deputado federal e ex-ministro do tempo militar, Delfim Netto. Ele está lulando, há muito. Já até foi indicado como fiel do regime petista, quando o príncipe dos metalúrgicos passou a o ouvir em questões de política econômica (a política é econômica, oras). Uma espécie de aval da suposta direita para a embuçada esquerda.

Há muito mais pontos de contato e identidade entre o direitismo dos militares brasileiros que governaram o país e o esquerdismo dos militantes comunistas que os antagonizaram. Os pontos de contato, xifópagos inseparáveis, devem ser procurados nos ideais nacionais-socialistas que os embalam. A título de resenha histórica, gosto de dizer que os militares afastaram o avanço do socialismo no país e realizaram o maior governo estatizante de sua história. Fizeram o que os militantes comunistas fariam, em resumo. Triste e tétrica, para a prosperidade, ironia.

Bueno, mas e o Delfim?

Ele escreveu um artigo na imprensa diária, enaltecendo o legado teórico de Karl Marx. Daí, que Veja resolveu ouvi-lo. É o que suspeito.

"O velho Marx constatou, antes mesmo do surgimento do mercado, que a liberdade e a igualdade são incompatíveis. Que o homem livre naturalmente produz a desigualdade." - é uma frase da entrevista. "Se a desigualdade é natural em um mundo livre, é justo que as pessoas comecem a competir tendo tido as mesmas oportunidades de educação e de saúde." - é outra frase logo a seguir.

Desde já, não é preciso dizer, para o liberal autêntico, que as mesmas condições de educação e de saúde, como prega o Delfim dos militares, não são exeqüíveis na vida real. Minhas costas que doem, desde os 15 anos, devido a um problema de sifose, retiraram-me condições de igualdade daqueles que têm e tinham as palhetas sadias e não tiveram, enquanto competiam comigo, que conviver com a dor crônica. Ainda assim, fui, sempre, um dos melhores, por vez o melhor, aluno da sala de aula. Perdão pelo impressionismo, mas não desfrutei de igualdade de saúde. Quanto à educação, estudei para o vestibular enquanto trabalhava. Fui o 34° na classificação geral. Outras pessoas concorreram comigo, apenas estudando. Ficaram no limbo da pontuação.

So much for equity, huh?

Mas o Delfim, para, de novo, voltar a ele, sem o ter abandonado, diz, na mesma entrevista de a Veja que está nas bancas, quatro respostas depois, que o Estado brasileiro apresenta distorções, que contemplam a desigualdade pela lei, quando afirma "Veja o caso da vinculação constitucinal obrigatória. No Brasil, ela existe para a saúde, para a educação, para tudo. Toda corporação, quando pode, cria uma, suas conseqüências são desastrosas."

Opa, epa!

Qual é o lado do cérebro de Delfim Netto que está pensando? Aquele que recém falou em, via intervenção estatal, diminuir a desigualdade em educação e saúde, ou, o outro, que condena os privilégios aos profissionais de ... educação e saúde??? - contemplando a desigualdade via Estado.

A contradição enorme existente entre as duas afirmações relega ao esquecimento a personalidade pública do erudito, mas político, ex-deputado.

De mais a mais, não há como garantir igualdade de oportunidades, exceto a não legislação de privilégios, que é o que mais existe no Brasil.

Quanto à medicina, o governo paga R$ 7,00 por uma consulta do SUS e os médicos que cobrarem, privadamente, menos do que a tabela serão passíveis de proibição de serem médicos por aviltarem a profissão. Ou seja, o Estado é quem torna a consulta médica mais cara, justamente ao comprá-la em grande quantidade e vil remuneração. Alia-se a isso, aliás, a lei, que dá, a um conselho profissional, o poder de definir remunerações. Privadamente, deve ser digna. Estatistamente pode ser vil.

Qual o lado do cérebro não só de Delfim, mas do brasileiro, está pensando é uma coisa. Outra, que, raramente, os dois pensam a mesma coisa. Ou seja, o povo é, sempre e cada vez mais, político, leia-se hipócrita. Pede igualdade para os outros. Mas, para si, constrói, ou roga, por privilégios frente à lei. Ou seja, reivindica a desigualdade de tratamento.

Delfim Netto, nesta entrevista, tem o mérito de condensar, em algumas contradições, a rationale brasileira. Exigir igualdade, apontar à iniqüidade, rogar por sua extinção e, ato contínuo, provê-la para si.

Assim não tem civilização.

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Lula aprova déficit, é para ele mesmo

Em Davos, Suiça, a 26/01, o presidente Luís Inácio da Silva disse não ver problema algum com o déficit de R$ 43 bilhões da previdência, em 2006, pois é uma "dívida que temos para com os pobres do país". Well, bièn, wunderbar, ostia, ele deve estar falando dele mesmo, que recebe, além do ervanário de presidente, com o qual se aposentará, outros R$ 4.509,68 ao mês, o "Bolsa Ditadura" dele, como classifica um jornalista, comunista embuçado, também adepto da despesa maior. Lula ficou 30 dias presos por conta de uma greve em 1979. Daí ...

Lula precisa que a previdência seja deficitária, pois, afinal, é uma dívida que ela tem para com ele, um pobre do país, cuja mãe "nasceu analfabeta", lembrou certa feita. Mas tem uma coisa da qual não falou.

"O número de segurados do INSS é de 19 milhões de beneficiários; em média, cada beneficiário recebe treze benefícios mensais de R$ 593. O número de beneficiários da previdência pública [servidores da União] é de 880 mil; em média, o valor de cada um dos seus treze benefícios é de R$ 3.660. Isso mesmo, leitor, o beneficiário da previdência pública percebe mais de seis vezes o valor do benefício do aposentado e pensionista do setor privado. Pior, os gastos com a previdência vêm crescendo continuamente como proporção do PIB. Eram de 8,8% em 1995, subiram para quase 10,5% em 2000 e chegaram a 11,6% em 2005. Entre 1995 e 2004, o déficit conjunto dos dois regimes previdenciários cresceu 89%", aponta o economista Roberto Fendt, do Instituto Liberal do Rio de Janeiro.

Falando sobre 2005, Fendt lembra que dos R$ 476 bilhões arrecadados pela União, o pagamento de benefícios previdenciários correspondeu a 40% (R$ 188 bilhões). O INSS teve um déficit de R$ 38 bilhões naquele ano. Arrecadou R$ 108,2 bilhões e pagou R$ 146,5 bilhões. Na previdência estatal, pagou R$ 41,9 bilhões e recolheu R$ 11,4 bilhões, R$ 30,5 bilhões a menos.

"Até quando?", pergunta.

A propósito, em 2006, a arrecadação da União foi de R$ 522,749 bilhões, somando Receita Federal e INSS, informou a Receita, um aumento de 10,3% sobre 2005.

Bertrand Kolesza é redator do mensário Folha do Porto, de Porto Alegre
bkolesza@terra.com.br

terça-feira, janeiro 23, 2007

Só poderia começar mal

Esperava o quê? - deste governo mensalão parte II
O governo federal anunciou ontem (22 01 07) seu plano de aceleração econômica, siglalizado PAC. Os burocratas adoram siglas. E com o dinheiro dos outros. Desnecessário dizer o óbvio: trata-se de um plano de gastos estatais. Tal constatação ficou relegada à enésima linha dos noticiários. A maior parte de a imprensa ainda acha, como os burocratas (eleitos e concursados), que dinheiro dá em árvore, ou cai do céu, ou, na pior das hipóteses, falsifica-se-o, oficialmente, na casa da moeda. Como, nas refinarias estatais adultera-se a gasolina com álcool e o diesel com óleos vegetais.

Pois, hoje (23 01 07), o presidente nacional da OAB já apontou o descalabro do descalabro. O erro de gastar ilegalmente o gasto erro em si.

A utilização de R$ 5 bilhões do FGTS (dinheiro de quem trabalha e empreende, tomado à força pelo governo via lei) para obras dentro do PAC desvirtua a destinação legalmente estabelecida do dinherio daquale fundo sacador sanguessuga do bolso do trabalhador. E do empresário.

No bananão, só não pode ficar com o fruto de seu trabalho quem trabalha. O governo toma para beneficiar, não beneficia, ou o faz mal. E ninguém vai para a cadeia.

O PAC é mais uma aberração desenvolvimentista estatal. E por aberração só poderia depravar, do dinheiro alheio, a destinação final.

E ninguém vai para a cadeia.

Agora experimente o empresário não pagar ao Estado/governo. Ele vai.

Haja democracia.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Não, o FSM de novo, não!

Imitadores do PT
Na edição de hoje (17/01/2007) do jornal Zero Hora, publicado em Porto Alegre (RS), um deputado estadual do PPS, ex-PMDB, que ocupa cargo no governo municipal de José Fogaça, prefeito-poeta, admite a possibilidade de Porto Alegre voltar a sediar o Fórum Social Mundial (FSM). O que este político não sabe, é que as pessoas elegeram Fogaça para que ele livrasse Porto Alegre dos 16 anos de intoxicação comunista, dos quatro anos de governo petista nesta cidade. Que o povo não sabe votar, Pelé já o disse. O povo escolhe a esquerda, Fogaça e seguidores, que finge lhe dar estado social, mas quem melhora de vida é só a esquerda. Vide o apartamento em que o correligionário de Fogaça mora e vide as favelas que o governo dele constrói para o povo.

Afinal, o esquerdismo, o socialismo, o comunismo são uma forma de criar uma elite à força, e não espontaneamente, fruto do empenho de cada um para se aperfeiçoar e prosperar. O governo de
Fogaça é um governo de esquerda, de um partido comunista (PPS, ex-PCB).

Fogaça assumiu o FSM de 2005, que foi assinado pelos petistas, em dezembro de 2004, depois de derrotados no segundo turno. Uma irresponsabilidade. Dupla.

Custou ao povo de Porto Alegre a bagatela de R$ 2 milhões, para que sua vida fosse infernizada nos cinco dias de FSM, a começar pela passeata de abertura, que impede as pessoas de voltar para casa no horário devido.

Um tiro no pé. Que Fogaça vai repetir, se trouxer de volta o maldito FSM para Porto Alegre.
Foi uma grande vitória para a população desta cidade o FSM ter ido para ... não interessa onde. Desde que aqui, não, esta reunião de quem propõe a escravidão e o nacional-socialismo.

Aqueles R$ 2 milhões poderiam ter sido gastos com consultas pelo SUS - há fila constante e infindável. Fogaça foi a Lula pedir R$ 2,2 milhões para zerar a fila da saúde, isso depois de ter dado os R$ 2 milhões ao FSM.

Ridículo e aterrador.

Cada consulta pelo SUS paga R$ 7,00 ao médico. Dividai vós R$ 2 milhões por R$ 7,00 para ver quantas consultas poderiam ser pagas sem pedir pinico para o falastrão-mór da república centralista do bananão.

terça-feira, janeiro 16, 2007

Telefonia e trabalhismo

Esta eu copiei do Terra:
"Telecomunicações
Telefonia: cliente que não migrar até julho passará ao plano básico

Terça, 16 de Janeiro de 2007, 18h10 Fonte: INVERTIA

Por Luciana BrunoAtualizada às 18h42

"Os consumidores que não aderirem até o dia 31 de julho a um dos dois planos de minutos que as empresas de telefonia serão obrigadas a oferecer no lugar do atual sistema de cobrança por pulso nas ligações locais serão automaticamente migrados ao plano básico. A informação foi divulgada nesta terça-feira pela Associação Brasileira das Concessionárias de Serviço de Telefônico Comutado (Abrafix).

Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) estabeleceu que as empresas de telefonia disponibilizassem ao cliente dois planos obrigatórios para a conversão ao sistema de minutos que entrará em vigor no dia 1º de agosto: o Plano Básico de Minutos (PBM) e o Plano Alternativo de Serviços de Oferta Obrigatória (Pasoo).

Segundo o presidente da Abrafix, José Fernandes Pauletti, cada plano é adequado a um determinado perfil de cliente. No plano básico, a assinatura de 200 minutos custa em média R$ 40, enquanto no Pasoo esse mesmo valor vem com uma franquia de 400 minutos. No entanto, no segundo plano há cobrança de taxa referente ao "completamento da chamada", ou seja, quando o outro lado da linha atende ao telefone, quatro minutos já são descontados nos 400 minutos, o que não acontece no plano básico.

Além disso, as tarifas de ligação também são diferentes em cada um dos planos. No básico, o minuto custa em média R$ 0,07, enquanto no Pasoo a mesma ligação sairá por R$ 0,02. Atualmente, o consumidor paga suas ligações por meio da medição por pulsos, que custam em média R$ 0,15.

Entenda o que é o sistema de pulso
Atualmente, as ligações locais de telefone fixo são cobradas pelo sistema de pulsos, que aumentam de acordo com o tempo da ligação. O primeiro segundo da ligação já consome um pulso. Em seguida, é cobrado o chamado pulso aleatório, que pode durar de um segundo até quatro minutos, dependendo do momento em que for iniciada a ligação.

O consumidor pode iniciar uma ligação quando o próximo pulso estiver prestes a ser cobrado, restando-lhe apenas um segundo. Por outro lado, pode ter a sorte de iniciar uma conversa quando o pulso acabou de ser computado, restando-lhe quase quatro minutos para falar pagando pelo primeiro pulso. Depois dessa etapa o consumidor começa a pagar o pulso da conversação, que é cobrado a cada quatro minutos."

Sobre isso, este redator, defensor radical da liberdade e da responsabilidade individuais, só tem a dizer o que escreveu o historiador Richard Pipes em "Propriedade e Liberdade":

"Assim, a liberdade econômica foi severamente restringida. Inspirado pelo ideal corporativista de Mussolini, o Estado nazista intervinha em todos os níveis de atividade econômica, regulando preços, salários, dividendos e investimentos, limitando a competição e estabelecendo disputas trabalhistas." - página 264

Sobre o nacional-socialismo (nazismo) doutrina trabalhista, escreveu Ludwig Von Mises que se trata de intervencionismo, ou seja, não é socialismo, pois há propriedade privada, mas ela está condicionada a, no caso de os meios de produção, ou de as pessoas que produzem, seguirem as regras que o governo as impõem. Ou seja, é a negação do capitalismo.

Qualque semelhança com um país que tem agências de regulação, órgão estatal para distribuir terra, órgão estatal para autorizar negócios de compras e aquisições entre empresas ...

... não será mera coincidência.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Fogaça cobra duas vezes

O socialismo falido de José Fogaça

O prefeito de Porto Alegre (RS) inaugurou ontem as obras de recuperação de uma praça em um bairro de classe A de Porto Alegre (Três Figueiras). Foi utilizado o que ele chamou de calçamento "ecológico", que não é originado de mineração (basalto ou gres, as pedras mais comuns no RS). Assim, preserva o meio ambiente, morros, quis o bom prefeito socialista (seu partido é o comunista disfarçado, PPS). Mas ele não enfatizou, é claro, embora seja informado, que o tal de calçamento preservativo da natureza é de origem industrial, ou seja, não há característica ecológica, ao fim do dia. Tal há, apenas, no linguajar dos ambientalistas (uma doutrina anti-humana, afinal, preservar a natureza é preservar sua essência básica, a violência como meio de vida - vide a "bela" e equilibrada vida animal, na qual a presa preferida de um felino na savanah é o mais jovem e fraco de uma manada de antílopes, por ilustração).

Se o calçamento não é fruto de mineração em morros, se ele é de origem industrial, não se está poupando a natureza coisa nenhuma, apenas transferindo o suposto ônus ambiental para outro campo. É como o carro à bateria. De que adianta ele não queimar combustível fóssil, se a origem da energia não é "limpa" (existe energia "limpa"? - pela definição da burocracia estatal brasileira não, pois até mesmo a energia eólica instalada em Osório, RS, 75 geradores-cataventos, necessitou de licença ambiental; e quase não recebeu a tal).

Mas há algo ainda pior na nova praça inaugurada, que nos ensina muito sobre a falência filosófica (moral, política) do Estado/governo no Brasil. A praça reinaugurada com o calçamento ecológico foi bancada, em parte, com recursos particulares. Ou seja, as pessoas daquela comunidade pagaram duas vezes pela mesma praça. A primeira nos impostos. A segunda, ao financiar parte das obras de "revitalização" como gostam de dizer os burocratas.

E o prefeito José Fogaça ainda elogiou o fato. Claro, tira o ônus das costas dele, que cobra e não entrega a mercadoria; e cobra de novo para os compradores a receberem.

Problemas de linguagem
Sobre a revitalização. Como é possível dar nova vida ao que já é morto? Não é. Como é possível dar nova vida ao que vida não tinha - uma praça. Aí, o problema é mais acima, no cérebro; e na língua da farsa chamada governar, do jeito que a coisa está a se desenrolar. Cada vez mais, fala-se, cada vez menos, o Português, no Brasil.

Pagar duas vezes por tudo é regra no país. Vide a Cide e os pedágios. Vide o seguro para acidentes de trabalho, pago pelas empresas, e as ações na Justiça; vide a educação e a saúde e os serviços privados ao mesmo, para quem mais sustenta o governo - classe média - e é por ele excluído do atendimento. Vide a praça reinaugurada no bairro Três Figueiras em Porto Alegre.

Cobrar e não entregar - caracterizam a governança do país. E chamam isso de parceria público-privada. Dupla cobrança, isso sim.

Se uma empresa privada cobra e não entrega, o dono pode ir preso. Já os do governo ...

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Álcool, contradictio in adjectum

A expressão latina, herdada dos estudos de lógica aristotélica durante a Idade Média (que não foi só de "trevas", embora as houvesse), volta e meia aparece em algum artigo da imprensa diária.

Como este é um povo que refuga o estudo e a erudição, cada vez menos gente sabe o seu significado: contradição junto a outro (adjectum), ou, modernamente, contradição nos termos [de uma sentença ou discurso]. É quando se nega o que se afirma no mesmo discurso, seja uma frase, seja uma tese.

Pois bem, após este prolegômeno propedêutico, vamos ao que interessa.

No caderno de Economia do jornal O Estado de São Paulo (OESP), ou Estadão, de domingo, 07/01/2007, a principal, com toda a capa do caderno, matéria, é a escalada do preço do álcool combustível para automóveis. O repórter ouviu várias fontes, teceu juízos, o que é ótimo, mas não tocou em dois pontos fundamentais. O resultado, inevitável, foi a soma de contrários, a contradição, no mesmo discurso.

Ao início, o repórter escreveu que "desde a liberação do mercado, no final da década de 90, o preço do produto vive nessse sobe-e-desce". Ele se refere ao aumento do preço na entressafra, ou seja, no Verão, e à queda, quando a cana começa a ser moída, em abril. Ah, a propósito, o título da reportagem é "Escalada do preço evidencia falta de política para o álcool".

O preço sobe tanto, diz o jornalista, que, no ano passado, o litro do álcool chegou a R$ 1,986 médio no país, inviabilizando o seu uso. Ele nem cita que isso aponta para uma possível inviabilidade do uso desta fonte de energia. Deixa para lá.

A falta de política para o álcool, para o jornalista, que ouviu várias fontes do ramo, gera as escaladas de preço, resultado da ausência de regras sólidas, "antes da liberação do mercado".

Liberação, é?

A seguir, ele cita uma fonte que diz que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (o interventor Cade), proibiu a formação de estoques pela iniciativa privada.

Acende a luz vermelha no detetor de contradições. Como assim a "liberação do mercado nos anos 90" junto à proibição pelo governo de que se formem estoques?

O jornalista pede um preço estável, com estoques reguladores. Se ele quer preços estáveis, ele não quer liberação. Se o Cade impediu empresários de o estocar, não há liberação.

Há mais.

A Bolsa Mercantil e de Futuros comercia álcool para contratos futuros, o que impedira escaladas de preços, naturalmente, pela ação de agentes no mercado. Mas as regras, estabelecidas pelo governo, para a BM&F impediram que tal mercado se desenvolvesse, uma fonte da matéria afirmou.

Liberação do mercado nos anos 90? Piada de mau gosto. O jornalista passou ao largo do problema central, que é, justamente, a ausência de liberdade econômica, o excesso de intervenção. Mais, PIS e Cofins, tributos "sociais", inibem o desenvolvimento de um mercado de futuros, é acrescido. Faltou o arguto repórter escrever que é justamente em nome de o social que mais danos a sociedade sofre.

O outro ponto crucial que o repórter negligencia é a altíssima carga tributária em todas as cadeias produtivas e comerciais, em especial nos combustíveis. Se ao álcool e à gasolina - esta adulterada na origem, pela estatal, com álcool - não se pagassem tantos impostos, mesmo um preço alto de entressafra seria baixo.

Mas disso não se fala. E a culpa, claro, é do capitalismo, que pensa o jornalista haver no Brasil (do contrário não usaria o termo ‘liberação’, quando esta não existe). Há é alta e nociva intervenção (nazismo, o regime que não anula a propriedade privada, mas a mantém sob rigorosos controles do Estado, para preços, salários, taxas de juros, entre tantas outras liberdades para produzir, comprar, vender, comerciar - a análise do sistema nazista ou nacional-socialista clássica é a de Ludwig Von Mises, em Intervencionismo; uma aula sobre o Brasil de hoje, basta transferir a análise).

Seguimos em frente, para trás, de fato, sem liberdade, sem capitalismo, com excesso de Estado e, claro, de preços falsos, pois carregando informação equivocada, visto se adotarem práticas danosas à prosperidade.

Mas há quem creia que há "liberação" e Cade ao mesmo tempo. O que o jornalista não se dá conta, como muita gente, é que justamente uma política para o álcool está em vigor. Tal política sendo a da intervenção estatal, que torna o mercado plenamente imperfeito, ao tentar corrigir suas supostas imperfeições. (Nenhum mercado é perfeito, mas o Estado/burocratas tentarem aperfeiçoá-lo só resulta em mais imperfeição.)

Afinal, a que deve o Estado?

Este título-pergunta encerra uma longa discussão. Ela volta e meia aparece na imprensa. Mas some sem deixar resposta.

Qual deve ser o papel do Estado? Os estatistas pensam que liberais linha dura, como este signatário, pregam um Estado fraco.

Falso. É forte que o queremos. Mas, em quê?

Pela inversa. Deve o Estado financiar a arte? Deve o Estado financiar/gerenciar saúde? Deve o Estado financiar/gerenciar educação? - em especial a universitária? Deve o Estado cobrar pedágio em estrada (como Lula vai fazer na 101 em SC?), depois de cobrar tributo para elas?
Para um liberal linha dura como este singnatário, o Estado deve ser forte em garantir as seguranças interna e externa; deve administrar a Justiça e zelar pelo cumprimento de contratos LIVREMENTE celebrados.

Só isso, já daria aos burocratas uma quantidade imensa, quase sobre-humana de trabalho. Mas eles querem mais, onde não são, ou não deveriam, ser chamados.
Veja a prefeitura de Porto Aelgre. Ampliou para R$ 2 milhões e 218 mil as verbas de uma fundação para promoção da arte (criação do petismo nas trevas dos 16 anos). Foram de R$1 milhão e 311 mil tais verbas em 2006. Para que alguns façam arte com o dinheiro de todos tomado à força nos tributos. Isso é um dos suprasumos da injustiça. E da insensatez. Claro está, nenhum artista irá "protestá". Pelo dinheiro aguardará.

Enquanto isso, as imprescindíveis casas de bombas do DEP não têm condições de serem operadas, como as de número 12 e 13, que atendem ao Menino Deus, bairro de classe média de Porto Alegre, que sempre alaga, apesar de as muitas obras do Departamento de Enchentes Pluviais.

A de número 12, para exemplificar, tem quatro bombas, mas só duas podem operar. Com R$ 500 mil, Fogaça a reformaria (já reformou duas a este custo no ano passado.). Das duas, só uma é ligada, pois há um só funcionário, qeu tem de tirar o lixo do canal da bomba.

Ainda assim, prefere manter uma fundação que, com o dinheiro do povo, financia arte (de estética discutível). Mesmo que fosse de bom gosto.

E, assim, ficamos mais pobres a cada dia.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Destruir a classe média, para ...

Reza a teoria de Karl Marx que o capitalismo, o sistema da burguesia, da livre empresa, da tecnologia e da indústria, mais um produto da luta de classes ao longo da história humana, produziria suas próprias contradições internas, gerando sua própria extinção e superação, rumo ao comunismo, à sociedade sem classes, que teria, como antecessora, sucessora do capitalismo, o socialismo, ou, ditadura do proletariado.

Karl Marx dedicou-se a vida toda a conhecer, descrever e explicar o capitalismo - nome dado por ele. Nunca ninguém conseguiu entender tão pouco o objeto que tanto estudou. Ele enxergava uma sociedade de duas classes antagônicas - burguesia e proletariado - que chegaria ao colapso, pelo fato de a classe dominante gerar cada vez mais miséria, cada vez mais proletariado.

Para Marx, a história rumaria inexoravelmente ao socialismo e ao comunismo. Mas, se fosse possível, acelerar o processo era bem vindo, com o roubo e o assassinato (latrocínio) - a revolução. Claro que ele não usava estes termos "próprios da burguesia e sua alienação de a realidade".

Mas o que Marx não enxergou - e daí parte de seu erro crasso - foi a classe média.

OK. Existe o burguês e o proletário. Mas, qual é o papel do gerente (classe média) nesta história?

A teoria não contemplava a destruição da classe média, mas, sim, da burguesia, pelo proletariado; os fatos negaram a teoria - a revolução maior ocorreu em países não industriais (Rússia, China), ao contrário do que queria Marx (na Inglaterra e Alemanha); os operários, cujo ópio seria a religião, não se encantaram com o socialismo, a revolução - a heroína dos intelectuais ... assim, a profecia fracassou onde mais se esperava que se cumprisse - as nações industrializadas.

Realizou-se mezzo o ideal de Marx. O mundo é social-democrata, outro nome do nacional-socialismo (propriedade privada mais forte intervenção estatal). Adolf Hitler, assim, é o maior artífice de Marx na história. O mais exitoso dos líderes trabalhistas. Suas idéias governam o mundo. Exceto o campo de extermínio. (?)

Bueno e o Brasil?

Nenhum documento da esquerda brasileira, aquela que "lutou" contra 1964, hoje no poder, fala em democracia, lembrou Denis Rosenfield, na obra "A democracia ameaçada" (2006). Falavam, sim, em ditadura do proletariado.

Bueno, mas, como fazer a transição para o socialismo, se há uma classe média? Ainda mais tendo em vista que Marx não a contemplou devidamente na sua teoria.

Ora, simples. Basta o Estado/governo de índole trabalhista (velha ou nova guarda) destruir, aniquiliar, pelo depauperamento, a classe média. Fazê-la proletariado. E contar com sua adesão.

É o que o neotrabalhismo está fazendo. Dados oficiais mostraram que os empregos da classe média tiveram redução de 46% no governo de Luís hoje sem PT. E a tabela do IRPF, à qual FHC já negara correção, é outro instrumento estatal de destruição da classe média.

Deveria ter correção de 46,8%. Tem de dez vezes menos (4,5%). Já que o marxismo não funciona na prática, força-se a sua existência, destruindo a classe média, fazendo de todos proletários, ou, burgueses. A seguir ...

Felizmente, onde há mais classe média no Brasil, o Sul, Lula e o PT falido moralmente foram rechaçados na base do 6 a 3.

Mas o projeto nihilista continua à toda. Quem está vivendo, está vendo.